TEMAS PRINCIPAIS
Temas Principais
- 1º Eixo: Rivalidades entre as Grandes Potências (Estados Unidos, Rússia e China)
Entendimentos (pressupostos) estruturantes:
- A geoestratégia do rimlande a presença global estadunidense (hipótese Spykman);
- A geografia russa e sua busca eterna por expansão (hipótese Kaplan); e
- As necessidade de recursos naturais e o problema das saídas ao mar da China.
Temas prioritários (mas não exclusivos):
- Defesa, Segurança e Política Externa
- Petróleo
- Moeda e Finanças
- 2º Eixo: América do Sul
Entendimentos (pressupostos) estruturantes:
- Estados Unidos e o Grande Caribe (hipótese Spykman);
- Estados Unidos e o Hemisfério Ocidental (Doutrina Monroe e Spykman); e
- Autonomia e vulnerabilidades a ameaças estrangeiras de países América do Sul.
Temas Prioritários (mas não exclusivos):
- Defesa, Segurança e Política Externa
- Petróleo
- Moeda e Finanças
METODOLOGIA
Ângulo de Leitura e Metodologia: da perspectiva geo-histórica para a conjuntura
A análise de conjuntura característica do Observatório Internacional Orti Oricellari tem como base algumas interpretações sobre as tendências históricas e as leis de movimentos de longa duração do sistema internacional, sobretudo em termos de seus aspectos geográficos, políticos e econômicos. Há um esforço de se refletir a conjuntura a partir de parâmetros geo-históricos.
Nesse sentido, não se reproduz o método analítico convencional a partir do recorte clássico do conhecimento científico (política internacional, economia internacional, etc.) ou por tabuleiros (Europa, África, Ásia, etc.). De maneira distinta, organiza-se a pesquisa e a observação com base nos conflitos e disputas de poder que hierarquizam e dinamizam o sistema internacional. As temáticas clássicas aparecem atravessadas transversalmente nos tabuleiros em que se concentram tais conflitos interestatais.
- Ângulo de Leitura
Para interpretação das informações relativas aos acontecimentos conjunturais do sistema internacional, a perspectiva analítica em privilégio do Observatório Orti Oricellari tem como ângulo de leitura os antagonismos geoestratégicos entre as principais potências do sistema internacional, Estados Unidos, Rússia e China.
Estes antagonismos geoestratégicos são interpretados com base nas leis de movimentos do sistema internacional em sua longa duração, ou seja, desde suas origens medievais até o presente.
- Método de Observação, Seleção e Organização dos Acontecimentos
Parte-se de entendimentos (pressupostos) acerca (i) da inserção geopolítica de cada uma das três potências em destaque e (ii) de suas respectivas estratégias defensivas e de projeção internacional. É exatamente com base nesses entendimentos (pressupostos) que se selecionam as informações relevantes e, no limite, arbitra-se o próprio critério do que é um fato, assim como sua organização e hierarquização para leitura, mesmo que breve e objetiva, da conjuntura internacional.
OBJETIVOS
Objetivos
O propósito central do Laboratório Orti Oricellari é acompanhar e analisar alguns temas da conjuntura internacional a partir de uma perspectiva específica. Não se pretende reproduzir o que já se faz em outros laboratórios, observatórios e centros de acompanhamento da conjuntura internacional que dispõem de sofisticadas estruturas, extensas redes de informação e grande número de profissionais envolvidos. A singularidade de Laboratório Orti Oricellari é o ângulo de leitura e as articulações interdisciplinares que estruturam a forma de ver e pensar o sistema internacional.
Seu foco principal é criar oportunidades aos alunos de graduação e pós-graduação com interesse na área de Economia Política Internacional desenvolverem capacidade analítica de selecionar e organizar informações dispersas, desconectadas e interdisciplinares, para produção de análises bem estruturadas sobre a conjuntura internacional. Associado a isto, pretende-se também construir um espaço aos pesquisadores e professores da Área, assim como a convidados de outras instituições de ensino e pesquisa, para produzirem e publicarem artigos de conjuntura, como também seus trabalhos históricos e/ou teóricos que de algum modo contribuem para o exercício de interpretação da conjuntura, ou cujos temas tenham convergência aos debatidos no âmbito do Laboratório.
Laboratório Orti Oricellari
Laboratório Orti Oricellari de Análise de Conjuntura em Economia Política Internacional
Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID) e Programa de Pós-graduação em Economia Política Internacional (PEPI-IE)
Coordenação: Prof. Mauricio Metri
Apresentação
Construído em 1483 pela família Rucellai próximo ao Rio Arno na Cidade de Florença, os Jardins Oricellariforam por muitos anos palco de encontros e debates de parte da aristocracia florentina no período renascentista. Dele participavam humanistas, filósofos, artistas, políticos, teólogos e comandantes militares, dentre outros. De acordo com a Enciclopédia Maquiaveliana[1], na agenda de debates dos Jardins Oricellari faziam parte o amor pela antiguidade, todas as suas formas de literatura, a escrita historiográfica, o latim, o debate filosófico com base em pensadores antigos e o estudo da política, do passado e de então. Ao centro dos interesses estava a análise dos acontecimentos da conjuntura a partir do conhecimento e do estudo da antiguidade. Segundo a referida enciclopédia, nos Jardins Oricellari praticava-se uma reflexão sobre a história antiga como ferramenta para compreensão das dinâmicas políticas da então conjuntura florentina, italiana e europeia. Portanto, nas galerias dos jardins, entre suas flores, avenidas de vinhas, árvores, colunas, portais, estátuas e bustos de mármore, praticava-se um típico exercício de análise de conjuntura no exato momento em que nasciam o sistema internacional e a própria Idade Moderna.
Nos dias de hoje, embora o acompanhamento da conjuntura tenha se transformado consideravelmente pelas mais diversas razões, este segue sendo alimentado pelas mesmos motivações do passado: diante da incerteza quanto ao futuro e da complexidade das tensões, disputas e crises do presente, é um imperativo e um desafio interpretar de algum modo as relações internacionais atuais, as rivalidades e os conflitos globais do dia a dia, além das subjacentes dinâmicas políticas e econômicas características do cotidiano do sistema, sobretudo para quem está no campo da Economia Política Internacional.
Nesse sentido, pode-se dizer que o propósito último da análise de conjuntura tem-se preservado em sua essência, revelando uma perenidade estrutural, como se a natureza dos desafios de outrora seguissem ainda vivos de alguma forma no presente.
O que parece ser, no entanto, um exercício simples, de esforço de observação do noticiário internacional, ganha outro entendimento quando se percebe que o desafio é justamente não reduzir tal reflexão a um relato dos acontecimentos do dia a dia, como é próprio da atividade jornalística, por um lado, assim como não restringi-la a um exercício propositivo derivado de algum tipo de orientação política ou teleológica, por outro lado.
É necessário um distanciamento crítico combinado a uma capacidade de selecionar, organizar, ler e interpretar fatos e processos sociais, muitas vezes, complexos e imprecisos. Isto porque sobre a conjuntura incidem forças e dinâmicas sociais diversas, de diferentes temporalidades, marcadas por fenômenos muitas vezes dos mais profundos, que moldam e influenciam de algum modo o tempo da conjuntura. Como nos Jardins Oricelllari, tanto o conhecimento histórico quanto uma reflexão interdisciplinar sobre as relações humanas e as interestatais são importantes estratégias metodológicas para selecionar e hierarquizar os fatos, as dinâmicas e os processos sociais da conjuntura.
Sob inspiração do pensamento e das práticas renascentistas de outrora, foi criado o Laboratório Orti Oricellari de Análise de Conjuntura em Economia Política Internacional.
[1] Machiavelli: enciclopedia machiavelliana, Volume 2, Gennaro Sasso, Istituto della Enciclopedia Italiana, 2014.