PROCESSO DE SELEÇÃO
Processo de Seleção das/os Pesquisadoras/es Discentes
São selecionados por meio de edital aberto, com base em avaliação de currículo e entrevista, realizado anualmente após a SIAc.
Em breve, mais informações.
TEMAS PRINCIPAIS
Temas Principais
- 1º Eixo: Rivalidades entre as Grandes Potências (Estados Unidos, Rússia e China)
Entendimentos (pressupostos) estruturantes:
- A geoestratégia do rimlande a presença global estadunidense (hipótese Spykman);
- A geografia russa e sua busca eterna por expansão (hipótese Kaplan); e
- As necessidade de recursos naturais e o problema das saídas ao mar da China.
Temas prioritários (mas não exclusivos):
- Defesa, Segurança e Política Externa
- Petróleo
- Moeda e Finanças
- 2º Eixo: América do Sul
Entendimentos (pressupostos) estruturantes:
- Estados Unidos e o Grande Caribe (hipótese Spykman);
- Estados Unidos e o Hemisfério Ocidental (Doutrina Monroe e Spykman); e
- Autonomia e vulnerabilidades a ameaças estrangeiras de países América do Sul.
Temas Prioritários (mas não exclusivos):
- Defesa, Segurança e Política Externa
- Petróleo
- Moeda e Finanças
OBJETIVOS
Objetivos
O propósito central do Laboratório Orti Oricellari é acompanhar e analisar alguns temas da conjuntura internacional a partir de uma perspectiva específica. Não se pretende reproduzir o que já se faz em outros laboratórios, observatórios e centros de acompanhamento da conjuntura internacional que dispõem de sofisticadas estruturas, extensas redes de informação e grande número de profissionais envolvidos. A singularidade de Laboratório Orti Oricellari é o ângulo de leitura e as articulações interdisciplinares que estruturam a forma de ver e pensar o sistema internacional.
Seu foco principal é criar oportunidades aos alunos de graduação e pós-graduação com interesse na área de Economia Política Internacional desenvolverem capacidade analítica de selecionar e organizar informações dispersas, desconectadas e interdisciplinares, para produção de análises bem estruturadas sobre a conjuntura internacional. Associado a isto, pretende-se também construir um espaço aos pesquisadores e professores da Área, assim como a convidados de outras instituições de ensino e pesquisa, para produzirem e publicarem artigos de conjuntura, como também seus trabalhos históricos e/ou teóricos que de algum modo contribuem para o exercício de interpretação da conjuntura, ou cujos temas tenham convergência aos debatidos no âmbito do Laboratório.
METODOLOGIA
Ângulo de Leitura e Metodologia: da perspectiva geo-histórica para a conjuntura
A análise de conjuntura característica do Observatório Internacional Orti Oricellari tem como base algumas interpretações sobre as tendências históricas e as leis de movimentos de longa duração do sistema internacional, sobretudo em termos de seus aspectos geográficos, políticos e econômicos. Há um esforço de se refletir a conjuntura a partir de parâmetros geo-históricos.
Nesse sentido, não se reproduz o método analítico convencional a partir do recorte clássico do conhecimento científico (política internacional, economia internacional, etc.) ou por tabuleiros (Europa, África, Ásia, etc.). De maneira distinta, organiza-se a pesquisa e a observação com base nos conflitos e disputas de poder que hierarquizam e dinamizam o sistema internacional. As temáticas clássicas aparecem atravessadas transversalmente nos tabuleiros em que se concentram tais conflitos interestatais.
- Ângulo de Leitura
Para interpretação das informações relativas aos acontecimentos conjunturais do sistema internacional, a perspectiva analítica em privilégio do Observatório Orti Oricellari tem como ângulo de leitura os antagonismos geoestratégicos entre as principais potências do sistema internacional, Estados Unidos, Rússia e China.
Estes antagonismos geoestratégicos são interpretados com base nas leis de movimentos do sistema internacional em sua longa duração, ou seja, desde suas origens medievais até o presente.
- Método de Observação, Seleção e Organização dos Acontecimentos
Parte-se de entendimentos (pressupostos) acerca (i) da inserção geopolítica de cada uma das três potências em destaque e (ii) de suas respectivas estratégias defensivas e de projeção internacional. É exatamente com base nesses entendimentos (pressupostos) que se selecionam as informações relevantes e, no limite, arbitra-se o próprio critério do que é um fato, assim como sua organização e hierarquização para leitura, mesmo que breve e objetiva, da conjuntura internacional.
Laboratório Orti Oricellari
Laboratório Orti Oricellari de Análise de Conjuntura em Economia Política Internacional
Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID) e Programa de Pós-graduação em Economia Política Internacional (PEPI-IE)
Coordenação: Prof. Mauricio Metri
Apresentação
Construído em 1483 pela família Rucellai próximo ao Rio Arno na Cidade de Florença, os Jardins Oricellariforam por muitos anos palco de encontros e debates de parte da aristocracia florentina no período renascentista. Dele participavam humanistas, filósofos, artistas, políticos, teólogos e comandantes militares, dentre outros. De acordo com a Enciclopédia Maquiaveliana[1], na agenda de debates dos Jardins Oricellari faziam parte o amor pela antiguidade, todas as suas formas de literatura, a escrita historiográfica, o latim, o debate filosófico com base em pensadores antigos e o estudo da política, do passado e de então. Ao centro dos interesses estava a análise dos acontecimentos da conjuntura a partir do conhecimento e do estudo da antiguidade. Segundo a referida enciclopédia, nos Jardins Oricellari praticava-se uma reflexão sobre a história antiga como ferramenta para compreensão das dinâmicas políticas da então conjuntura florentina, italiana e europeia. Portanto, nas galerias dos jardins, entre suas flores, avenidas de vinhas, árvores, colunas, portais, estátuas e bustos de mármore, praticava-se um típico exercício de análise de conjuntura no exato momento em que nasciam o sistema internacional e a própria Idade Moderna.
Nos dias de hoje, embora o acompanhamento da conjuntura tenha se transformado consideravelmente pelas mais diversas razões, este segue sendo alimentado pelas mesmos motivações do passado: diante da incerteza quanto ao futuro e da complexidade das tensões, disputas e crises do presente, é um imperativo e um desafio interpretar de algum modo as relações internacionais atuais, as rivalidades e os conflitos globais do dia a dia, além das subjacentes dinâmicas políticas e econômicas características do cotidiano do sistema, sobretudo para quem está no campo da Economia Política Internacional.
Nesse sentido, pode-se dizer que o propósito último da análise de conjuntura tem-se preservado em sua essência, revelando uma perenidade estrutural, como se a natureza dos desafios de outrora seguissem ainda vivos de alguma forma no presente.
O que parece ser, no entanto, um exercício simples, de esforço de observação do noticiário internacional, ganha outro entendimento quando se percebe que o desafio é justamente não reduzir tal reflexão a um relato dos acontecimentos do dia a dia, como é próprio da atividade jornalística, por um lado, assim como não restringi-la a um exercício propositivo derivado de algum tipo de orientação política ou teleológica, por outro lado.
É necessário um distanciamento crítico combinado a uma capacidade de selecionar, organizar, ler e interpretar fatos e processos sociais, muitas vezes, complexos e imprecisos. Isto porque sobre a conjuntura incidem forças e dinâmicas sociais diversas, de diferentes temporalidades, marcadas por fenômenos muitas vezes dos mais profundos, que moldam e influenciam de algum modo o tempo da conjuntura. Como nos Jardins Oricelllari, tanto o conhecimento histórico quanto uma reflexão interdisciplinar sobre as relações humanas e as interestatais são importantes estratégias metodológicas para selecionar e hierarquizar os fatos, as dinâmicas e os processos sociais da conjuntura.
Sob inspiração do pensamento e das práticas renascentistas de outrora, foi criado o Laboratório Orti Oricellari de Análise de Conjuntura em Economia Política Internacional.
[1] Machiavelli: enciclopedia machiavelliana, Volume 2, Gennaro Sasso, Istituto della Enciclopedia Italiana, 2014.